Isabelle Huppert

 

ISABELLE HUPPERT, versátil e ousada

 

É muito difícil resumir a carreira prolífica de Isabelle Huppert, a maior atriz do cinema francês atual, com 163 filmes e 19 prêmios.

Isabelle Huppert pode ser qualificada como uma atriz versátil, ousada e de grande intensidade interpretativa. Reconhecida como um dos maiores nomes do cinema francês e europeu, ela é notável por sua capacidade de interpretar personagens complexos, ambíguos e desafiadores. Huppert é vista como uma atriz que “se torna autora” de seus papéis, indo além da mera interpretação para dar uma contribuição significativa e pessoal aos personagens. Desde sua estreia, ela manteve uma presença constante e relevante no cinema, trabalhando com grandes diretores em filmes franceses e internacionais. Sua carreira é marcada por escolhas audaciosas e inusitadas.

Ela estreou no cinema em Faustine e o belo verão (Faustine et le bel été), rapidamente conquistando papéis coadjuvantes em filmes marcantes da década de 70. Em 1976, ela interpretou Pomme, uma aprendiz de cabeleireira em Um Amor tão frágil (La Dentellière), de Goretta, uma obra delicada que a revelou ao grande público.

Aos 25 anos, ela recebeu o Prêmio de Interpretação em Cannes por seu papel de parricida em Violette, de Chabrol (1978). A partir de então, ela contracena com os cineastas franceses mais exigentes (Godard, Pialat), mas também se mostra à vontade nos registros mais variados, da ambiguidade (Eaux profondes) à fantasia (A Garota do meu melhor amigo/La Femme de mon pote) e trabalhou com Wajda, Ferreri e Losey. Paralelamente, os sucessos de A Lei de Quem Tem o Poder (Coup de torchon) e Entre Nós (Coup de foudre) garantiram sua popularidade na França.

Ela continuou uma colaboração frutífera com Chabrol: interpretou para ele Madame Bovary, mas também uma fazedora de anjos (Um assunto de mulheres/Une affaire de femmes) e uma carteira criminosa (Mulheres Diabólicas/La Cérémonie), dois filmes pelos quais foi premiada em Veneza em 1988 e 1995; uma patroa perversa (A Teia de Chocolate/Merci pour le chocolat) e uma juíza obstinada (A Comédia do Poder/L’Ivresse du pouvoir). A partir dos anos 90, ela explora as fronteiras entre a razão e a loucura, através de seus papéis em Schroeter, Mazuy (Saint-Cyr) ou em suas incursões na comédia (8 mulheres, As irmãs zangadas).

Acumulando prêmios e homenagens (Prêmio em Cannes em 2001 por sua interpretação de uma Pianista frustrada em Haneke, Prêmios especiais por toda a sua carreira em San Sebastian em 2003 e Veneza em 2005), a hiperativa Huppert filma com a nata do cinema de autor francês (Doillon, Jacquot, Assayas, Chéreau), mas também com jovens europeus promissores (Lafosse, Ursula Meier) ou iconoclastas americanos (Hartley, O. Russell).

Ela viaja para o Camboja para Uma Barragem Contra o Pacífico (Un barrage contre le Pacifique), para Camarões para White Material e para a Itália para Villa Amalia, três filmes exibidos em 2009. No ano seguinte, a atriz interpreta a mãe excêntrica de Lolita Chammah (sua filha na vida real) na comédia dramática de Marc Fitoussi, Copacabana*, antes de dar vida a uma prostituta que deseja refazer sua vida em Sans queue ni tête, da fantasiosa Jeanne Labrune. Em 2011, ela divide a tela com Benoît Poelvoorde em Meu Pior Pesadelo (Mon pire cauchemar, dirigido por Anne Fontaine.

2012 foi um grande ano para Isabelle, que atuou em vários filmes de prestígio, incluindo In another country e Refém de um criminoso (Captive), onde interpreta com força uma mulher feita refém nas Filipinas. Michael Haneke também a chamou para interpretar a filha de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva no premiado Amor (Amour).

Em 2013, Isabelle torna-se Madre Superiora para Guillaume Nicloux em A Religiosa (La Religieuse). Ao mesmo tempo, faz uma paragem em Itália para o drama político A Bela Que Dorme (La Belle endormie), de Marco Bellocchio.

No ano seguinte, a atriz interpreta uma cineasta que é manipulada por Kool Shen em Uma Relação Delicada (Abus de faiblesse), de Catherine Breillat. Em 2015, ela se reúne novamente com Guillaume Nicloux para filmar Valley of Love, um drama no qual interpreta a ex-esposa de Gérard Depardieu. Muito prolífica, Isabelle está no elenco de quatro filmes em 2016, entre os quais Elle, de Paul Verhoeven. Esse thriller foi um grande sucesso e ganhou os Césars de melhor filme e melhor atriz para Huppert. Em 2017, ela se reuniu com o diretor Michael Haneke em Happy End, um retrato instantâneo de uma família burguesa europeia. Apaixonada por projetos atípicos, Isabelle atuou em A Câmera de Claire (La Caméra de Claire), de Hong Sang-soo, Branca como a Neve (Blanche comme neige), de Anne Fontaine, e Frankie, de Ira Sachs. A atriz também se transforma em uma terrível serial killer em Greta (2018). Em seguida, ela interpreta uma traficante de drogas na comédia A Dona do Barato (La Daronne) e, depois, a prefeita de uma cidade do departamento 93 em Belas Promessas (Les Promesses). Em 2023, interpreta o papel principal do filme de Jean-Paul Salomé, A Sindicalista (La Syndicaliste)