

O BRINQUEDO
(Le jouet)
De Francis VEBER
1976 / 1h35 / Comédia
Com Pierre RICHARD, Michel BOUQUET, Fabrice GRECO
Sinopse:
O jovem filho de um bilionário passeia em uma grande loja para escolher um presente. A escolha da criança recai sobre um jornalista, que será colocado à sua disposição e se tornará seu brinquedo.

OS FUGITIVOS
(Les Fugitifs )
De Francis VEBER
1986 / 1h29 / Comédia
Com Pierre RICHARD, Gérard DEPARDIEU, Jean CARMET
Sinopse:
Os tempos estão difíceis para François Pignon, que precisa cuidar de sua filha. Ele chega até a se resignar a assaltar um banco. Vai ao ponto de fazer refém Jean Lucas, um ex-presidiário recém-saído da prisão, mas decidido a se tornar honesto…

LOIRO, ALTO E DE SAPATO PRETO
(Le Grand Blond avec une chaussure noire )
De Yves ROBERT
1972 / 1h30 / Comédia
Com Pierre RICHARD, Jean ROCHEFORT, Bernard BLIER
Sinopse:
François Perrin chega a Orly calçando um sapato amarelo e outro preto. Uma sorte para Perrache, assistente do coronel Toulouse, chefe de um serviço secreto, que vê nesse jovem violinista excêntrico a oportunidade perfeita. Ele o escolhe para, às suas custas, desempenhar o papel de um temível espião internacional. Toulouse, cansado de defender sua posição contra seu ambicioso adjunto Milan, decide se livrar dele de uma vez por todas, lançando-o em uma falsa pista.

UM SOPRO ENTRE OS DENTES
(Un nuage entre les dents)
De Marco PICO
1974 / 1h35 / Comédia
Com Pierre RICHARD, Philippe NOIRET, Claude PIÉPLU
Sinopse:
Malisard e Prévot, jornalistas da imprensa sensacionalista, percorrem Paris em busca de um furo. Nesse dia, os dois comparsas precisam buscar os filhos de Prévot na escola, mas durante um momento de desatenção do pai, os garotos escapam.
Durante muito tempo, acreditou-se que só existia um Pierre Richard. Ainda hoje, pronunciar o seu nome desperta em muitos espectadores franceses, mas também de outros países, lembranças emocionantes de comédias populares, nas quais a figura excêntrica e familiar que ele interpretou em vários filmes provoca risadas instantâneas.
“Você não é um ator, você é um personagem.” Certas frases chegam na hora certa, em um momento decisivo da vida. Essa, proferida um dia por Yves Robert, seu padrinho no cinema, durante a filmagem de Alexandre, o Felizardo, ainda ecoa na cabeça daquele que um dia descobriu sua vocação ao assistir Sonhando de Olhos Abertos (Up in Arms), com o americano Danny Kaye, também loiro de olhos azuis: “Eu disse a mim mesmo que essa seria a minha profissão na vida.”
(…) Le Distrait (1970) é a primeira etapa da construção de um personagem burlesco e lunático esboçado na década de 1960, ao lado de Victor Lanoux, em cabarés parisienses e, depois, na televisão, antes de ser desenvolvido nas telas. Cerca de 1,5 milhão de espectadores conheceram Pierre Malaquet, um jovem publicitário excêntrico, herdeiro inesperado do Ménalque de La Bruyère. O sucesso do filme lançou a carreira de Pierre Richard que, em seguida, atuou em Les Malheurs d’Alfred em 1972 (…), antes de se tornar o famoso Alto, loiro com um sapato preto, espião involuntário e inesquecível.
O roteirista do filme, Francis Veber, encontrou seu François Perrin, o avatar mais conhecido de Pierre Richard no cinema (O Brinquedo, On aura tout vu), com François Pignon, companheiro de viagem de Campana-Depardieu na famosa trilogia iniciada em 1981 com A Cabra (seguido por Os Compadres e Os Fugitivos). Em todas essas comédias, assim como em outras que têm como pano de fundo a viagem (Perdendo a Cabeça, La Course à l’échalote, La Carapate, O Golpe do Guarda-chuva), Pierre Richard delineou o corpo de um personagem em constante desequilíbrio, às vezes desarticulado, com gestos precisos, flexíveis e elegantes, caindo para se levantar às vezes instantaneamente, um corpo em perigo que dá a impressão de que nada pode atingir, muitas vezes lutando contra os objetos (uma gaita de foles em Loiro, Alto e de Sapato Preto…, uma rede em Les Malheurs d’Alfred).
(…) Pierre Richard também foi, acima de tudo, diretor (sete longas realizados entre 1970 e 1997), colocando em cena seu personagem, utilizando com propriedade o plano geral, como as entradas e saídas de cena, e denunciando, por meio da comédia, algumas características marcantes da sociedade de consumo da época: a publicidade e a televisão em Le Distrait e Les Malheurs d’Alfred, e os comerciantes de armas no violento Je sais rien mais je dirai tout. Todos esses universos são criticados através do riso, em conflito permanente com o mundo de seus personagens sonhadores e românticos que parecem viver em uma bolha. Esse contraste singular será retomado no primeiro longa-metragem ácido de Francis Veber, O Brinquedo, no qual seu François Perrin é manipulado por uma criança solitária e autoritária.
Um pouco antes (1974), Marco Pico colocou o ator ao lado de Philippe Noiret em Un nuage entre les dents, filme singular e maldito, a ser redescoberto, no qual seu personagem de repórter que confunde realidade e imaginação mostra que existe outro Pierre Richard, expressando outras formas de comédia.
(…) Frequentemente contrabandista nos filmes, a dimensão secreta e melancólica de Pierre Richard vai ganhando terreno na segunda parte da sua carreira, após Os Fugitivos, de Francis Veber, realizado há já trinta anos. Um dos filmes que ilustra radicalmente essa tendência é talvez o tragicômico En attendant le déluge, de Damien Odoul, em 2005 (…) Seguindo o exemplo de Odoul num registo específico, muitos cineastas contemporâneos (Stéphane Robelin, Pierre-François Martin-Laval) souberam dar a Pierre Richard personagens singulares, adaptados à evolução do tempo e que, combinados com a evocação do seu passado através dos espetáculos que ele continua a representar em palco, continuam a torná-lo intemporal.
Bernard Payen
Programador da Cinémathèque Française
